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domingo, 22 de dezembro de 2019

NOVEMBRO OU NOVO ALENTO?!







NOVEMBRO OU NOVO ALENTO?!

         Novembro corre solto...
         Mês de véspera, sabor de expectativa...
        O fim do ano é profundamente carismático. Consegue, no simples acontecer, tocar fundo o ânimo das pessoas. Se não pelas festas natalinas, que para muitos são extremamente tristes, depressivas, reminiscentes, então pela “dobra” do salário, afinal o décimo terceiro está a caminho! Contudo, o que mais importa neste fascínio enigmático que envolve o fim do ano é a promessa, o empenho, é o propósito do recomeçar.
         Impressionante como se desencadeia, dentro de cada ser, a esperança do novo, da nova chance, da retomada! As ideias, insistentemente, vão-se sobrepondo, os planos se avolumam, a vida ganha um novo significado.
         Nos miolos, fica uma dança do novo emprego, da nova casa, da nova escola, do novo carro... Fundamental e imprescindível é o NOVO, o sonho, o desejado, o desconhecido. Curioso o espírito humano! Aí a lucidez fica como que enevoada. Não chega a ser a perda da razão, ela só se torna um pouco diminuída, tamanha a força do projeto. Isso mesmo! É um projeto, uma intenção de experimentar o novo. E, com licença, que sensação prazerosa! Dar as costas para o maçante, para o enfadonho, e vislumbrar adiante a perspectiva, a simples esperança do acerto, do “tirar o pé do lodo”. Caramba! Não há nada mais revigorante...
         Pensar que pode não dar certo?! Pra quê? Quem desperta ou quer despertar completamente a razão num momento como este? O importante é não pensar. Isso já foi feito o ano todo. Não é hora de pensar. É hora de planejar, arquitetar, elaborar... É diferente! É hora de sonhar, é isso.
         Um novo ano para o espírito é feito um novo guarda-roupa para o corpo. De repente, é como se cada um tirasse tudo das gavetas, velhas roupas surradas, desestimulantes, puídas, e as trocasse por tudo novo, vibrante, tudo feito sob medida, cheirando à loja. Dá um novo alento. No mínimo, é incitante! 
         E o fim do ano chega...
         Dezembro é feito pássaro!
         Ano novo...
         Os dias simplesmente acontecem. Sucessivos, inevitavelmente, e lânguidos, inexplicavelmente.
         Aos poucos a expectativa, antes afoita, vai-se amainando, os projetos concretizando-se, ou não... O tornar real é diferente, racional demais! Talvez por isso quebre o encanto. Existe uma serenidade de ânimo tal, que chega a ser conflitante com a avidez de antes.
         Os meses passam. Maçantes, enfadonhos, arrastados...
         Ainda bem que novembro não tarda a chegar!


                                                                    Regina Ruth Rincon Caires                                                                
                                                                                             
        
        
        

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