ETERNO PESAR
No silêncio da madrugada, da outra casa, parede-meia, eu
conseguia ouvir desaforos sussurrados, choro abafado, gemidos de dor. E isso
acontecia recorrentemente. No claro do dia, eu via um casal normal, afora o
olhar esquivo da mulher. Reticente, evitei a aproximação. Era o comportamento
costumeiro, não cabia a invasão de privacidade. O relacionamento, unidade
blindada, pertencia apenas aos envolvidos. E, da crueldade velada, da violência
reiterada, nunca ouvi pedido de socorro. Apenas o estampido.
Regina Euth Rincon Caires
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